segunda-feira, 26 de julho de 2010

Glorinha Paranaguá

De companheira do marido diplomata a designer de algumas das bolsas mais desejadas do país, ela rodou o mundo, sempre esbanjando glamour.
Por Gilberto Júnior / Fotos Arquivo Pessoal




Glorinha Paranaguá é hoje uma das designers de acessórios mais comentadas e premiadas do Brasil. O que pouca gente sabe é que ela adiou o desejo de trabalhar com moda por mais de quatro décadas. “Com 17 anos, fui para os Estados Unidos porque queria estudar moda. Mas voltei, fiquei noiva, casei e acabei não fazendo o curso”, lembra. O casamento foi com o diplomata Paulo Henrique de Paranaguá, com quem teve quatro filhos: Paulo Antonio, Pedro, Ricardo e Eduardo. E com quem rodou o mundo, vivendo de embaixada em embaixada. Nascida no Rio de Janeiro, Glorinha já morou em países como França, Espanha, Suécia, Marrocos, Venezuela, Kuwait e Argentina, o primeiro posto do casal no exterior. “Moramos lá na época de Juan e Evita Perón. Eles estiveram em várias recepções em nossa embaixada”, conta. As festas, oficiais ou não, ocupavam grande parte do tempo dela. O duque e a duquesa de Windsor, por exemplo, eram figuras fáceis na roda de amigos do casal. Já a condessa de Romanones era tão próxima de Glorinha que chegou a citá-la em seu romance The Spy Wore Red.
A designer com a nora Naná na entrega do Prêmio Moda Brasil.Eram nessas recepções que a futura designer vestia seus melhores modelos. Yves Saint-Laurent era seu estilista favorito. “Para mim, não havia outro igual.” Apesar da preferência, Glorinha também não abria mão de um bom look Chanel, Balenciaga ou Dior. Hoje, admira Karl Lagerfeld e Ronaldo Fraga. “Sempre gostei de roupa – tanto para me vestir como para admirar, como obra de arte mesmo.”


Artesanato de luxo: osso, bambu, palha e outros materiais rústicos são sua marca registrada.
O começo de tudo

Com a aposentadoria do marido, nos anos 1990, a carioca voltou para o Brasil e retomou o sonho da adolescência. “Minha vida sempre foi agitada e eu não queria parar tudo de repente. Tinha umas bolsas que minhas amigas adoravam e comecei copiando algumas peças para vender em casa mesmo”, diz, com franqueza. Com o tempo, o negócio foi crescendo e Glorinha inaugurou uma loja em Ipanema, onde também funciona seu ateliê. Lá, o trabalho é dividido com sua nora Naná Paranaguá, que é casada com Pedro e já integrou equipes de marcas como Maria Bonita e Fiorucci. “A Glorinha inventou um estilo e eu desenvolvo os produtos dentro dele”, explica Naná. Os longos períodos no exterior serviram para aprimorar o gosto de Glorinha pelo artesanato – mas nada de regionalismos, diga-se de passagem. Ela gosta de transformar palha, bambu, madeira e osso em peças sofisticadas. “Se eu não usasse materiais de primeira qualidade, tudo ficaria popular e muito típico.” E são os produtos com cara de Brasil, mas cheios de requinte, que fazem sucesso e atraem compradores de lojas como Barneys, Colette e Brown’s. E ajudaram Glorinha a conquistar a glória: na última edição do Prêmio Moda Brasil, ela garantiu o primeiro lugar na categoria designer.


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