O período de guerras ficou para trás. Nesse pequeno país do Sudeste Asiático, viajantes encontram belas praias, histórias de uma cultura milenar e culinária rica, com influências francesa, chinesa e japonesa
Por Letícia González
Palco de conflitos até o século 20, o Vietnã é hoje um país em paz. Desde o final da guerra contra os americanos, em 1975 (leia quadro), ele passou por uma reconstrução total. Cidades bombardeadas foram reerguidas, a atividade industrial foi retomada e o cenário político se acalmou. Marcas da devastação ficaram reservadas aos museus. Para atrair visitantes, os vietnamitas apostam no que têm de melhor: belas praias, cultura milenar e gastronomia leve, mas condimentada.
Entre o charme de ex-colônia francesa da capital Hanói, no norte, e a vida urbana de Ho Chi Minh, no sul, a estrada tem lindas paisagens, como a Baía de Halong (patrimônio da humanidade pela Unesco), as cidades Hue e Hoi An, que pre- servam muito da história antiga, e os resorts luxuosos no Mar do Sul da China, no oeste do Índico.
Hanói, conhecida como a “Paris do Oriente”, tem charmosos bulevares de três vias e prédios no estilo Belle Époque. A Ópera foi inspirada no Palais Garnier, em Paris, para receber chefes de estado na época colonial. A capital guarda também lembranças do período dinástico, antes da colonização (em 2010, Hanói completou mil anos). O Templo da Literatura, primeira universidade do país, é hoje um museu. Seus pavilhões vermelhos, com telhados pontudos e pátios centrais, foram inaugurados em 1070. No lago Hoan Kiem, famílias se encontram no final da tarde para procurar uma tartaruga gigante — segundo uma lenda local, o animal ajudou a livrar a cidade da dominação chinesa, séculos antes. Muitos carregam copos do famoso café gelado local, ca phe sua da, com leite condensado e cubos de gelo — um “antídoto” para o calor tropical. O café é inclusive uma especialidade do Vietnã (o segundo produtor mundial, atrás do Brasil): quando é consumido quente, tem consistência encorpada e gotas de baunilha.
quente, tem consistência encorpada e gotas de baunilha.
NATUREZA
vietnamita rema no Rio Vermelho, na capital Hanói. Ao lado, peixe grelhado com especiarias
vietnamita rema no Rio Vermelho, na capital Hanói. Ao lado, peixe grelhado com especiarias
Vem de Hanói, também, o prato mais popular do país: a sopa pho, um caldo leve com noodles de arroz, fatias finas de carne, cebola, coentro e gengibre. Por ali, ela pode ser servida no café da manhã, almoço ou até no lanche da tarde. A carne termina de cozinhar no próprio prato, com o calor do caldo (veja receita).
A três horas de viagem de carro a partir de Hanói, na direção leste, o cenário urbano cede espaço para a beleza da Baía de Halong. Mais de mil ilhotas pontiagudas emergem do oceano, coberto por uma névoa constante. Ironicamente, elas são chamadas de “dragões que descem ao mar”. O melhor jeito de curtir a paisagem é fazer um passeio de barco — como mostraram os filmes Indochina (1991), com Catherine Deneuve, e O amanhã nunca morre (1997), da saga James Bond. No interior das embarcações, banquetes com peixes e mariscos da própria baía são servidos aos tripulantes.
Trânsito caótico em Hanói
Seguindo em direção ao sul, as cidades históricas de Hue e Hoi An guardam memórias do período dinástico. Apesar de terem sido bombardeadas pelos americanos durante a Guerra do Vietnã, elas mantiveram de pé monumentos importantes. Dentro dos muros rodeados pelo Rio Perfume, em Hue, está a Cidade Proibida Púrpura, onde só podiam entrar chefes de estado, seus familiares e concubinas. Ali perto, a tumba do imperador Khai Dinh, que levou mais tempo para ser construída do que durou seu reinado, tem o teto pintado à mão com dragões, um dos principais símbolos do budismo.
Em Hoi An, o Distrito Antigo é a grande atração. Construído a partir do século 15, foi um importante porto local (em 1999, foi declarado patrimônio histórico da humanidade pela Unesco). Era a principal parada da “Rota da Seda” — caminho feito por comerciantes do tecido entre o Oriente e a Europa. Surgiu nessa época a maior especialidade culinária da região: o cao lau, uma mistura da pho com a sopa japonesa soba, com carne de porco, molho shoyu, gengibre e legumes. A apenas meia hora de Hoi An fica Da Nang, o balneário mais popular do país. Além de praias badaladas e resorts luxuosos, ele também atrai adeptos do turismo de aventura, devido às Montanhas de Mármore, que saem do nível do mar para 1.500 metros de altitude.
Fonte: Revista Marie Claire
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