quinta-feira, 16 de junho de 2011

Cores e sabores do Vietnã

O período de guerras ficou para trás. Nesse pequeno país do Sudeste Asiático, viajantes encontram belas praias, histórias de uma cultura milenar e culinária rica, com influências francesa, chinesa e japonesa


Por Letícia González 
 

Palco de conflitos até o século 20, o Vietnã é hoje um país em paz. Desde o final da guerra contra os americanos, em 1975 (leia quadro), ele passou por uma reconstrução total. Cidades bombardeadas foram reerguidas, a atividade industrial foi retomada e o cenário político se acalmou. Marcas da devastação ficaram reservadas aos museus. Para atrair visitantes, os vietnamitas apostam no que têm de melhor: belas praias, cultura milenar e gastronomia leve, mas condimentada.


Entre o charme de ex-colônia francesa da capital Hanói, no norte, e a vida urbana de Ho Chi Minh, no sul, a estrada tem lindas paisagens, como a Baía de Halong (patrimônio da humanidade pela Unesco), as cidades Hue e Hoi An, que pre- servam muito da história antiga, e os resorts luxuosos no Mar do Sul da China, no oeste do Índico.

Hanói, conhecida como a “Paris do Oriente”, tem charmosos bulevares de três vias e prédios no estilo Belle Époque. A Ópera foi inspirada no Palais Garnier, em Paris, para receber chefes de estado na época colonial. A capital guarda também lembranças do período dinástico, antes da colonização (em 2010, Hanói completou mil anos). O Templo da Literatura, primeira universidade do país, é hoje um museu. Seus pavilhões vermelhos, com telhados pontudos e pátios centrais, foram inaugurados em 1070. No lago Hoan Kiem, famílias se encontram no final da tarde para procurar uma tartaruga gigante — segundo uma lenda local, o animal ajudou a livrar a cidade da dominação chinesa, séculos antes. Muitos carregam copos do famoso café gelado local, ca phe sua da, com leite condensado e cubos de gelo — um “antídoto” para o calor tropical. O café é inclusive uma especialidade do Vietnã (o segundo produtor mundial, atrás do Brasil): quando é consumido quente, tem consistência encorpada e gotas de baunilha. 


 quente, tem consistência encorpada e gotas de baunilha. Alan Benson e Suzanna Boyd 2009/Martin Puddy(Corbis)
NATUREZA
vietnamita rema no Rio Vermelho, na capital Hanói. Ao lado, peixe grelhado com especiarias


Vem de Hanói, também, o prato mais popular do país: a sopa pho, um caldo leve com noodles de arroz, fatias finas de carne, cebola, coentro e gengibre. Por ali, ela pode ser servida no café da manhã, almoço ou até no lanche da tarde. A carne termina de cozinhar no próprio prato, com o calor do caldo (veja receita).

A três horas de viagem de carro a partir de Hanói, na direção leste, o cenário urbano cede espaço para a beleza da Baía de Halong. Mais de mil ilhotas pontiagudas emergem do oceano, coberto por uma névoa constante. Ironicamente, elas são chamadas de “dragões que descem ao mar”. O melhor jeito de curtir a paisagem é fazer um passeio de barco — como mostraram os filmes Indochina (1991), com Catherine Deneuve, e O amanhã nunca morre (1997), da saga James Bond. No interior das embarcações, banquetes com peixes e mariscos da própria baía são servidos aos tripulantes. 

Trânsito caótico em Hanói

Seguindo em direção ao sul, as cidades históricas de Hue e Hoi An guardam memórias do período dinástico. Apesar de terem sido bombardeadas pelos americanos durante a Guerra do Vietnã, elas mantiveram de pé monumentos importantes. Dentro dos muros rodeados pelo Rio Perfume, em Hue, está a Cidade Proibida Púrpura, onde só podiam entrar chefes de estado, seus familiares e concubinas. Ali perto, a tumba do imperador Khai Dinh, que levou mais tempo para ser construída do que durou seu reinado, tem o teto pintado à mão com dragões, um dos principais símbolos do budismo.

Em Hoi An, o Distrito Antigo é a grande atração. Construído a partir do século 15, foi um importante porto local (em 1999, foi declarado patrimônio histórico da humanidade pela Unesco). Era a principal parada da “Rota da Seda” — caminho feito por comerciantes do tecido entre o Oriente e a Europa. Surgiu nessa época a maior especialidade culinária da região: o cao lau, uma mistura da pho com a sopa japonesa soba, com carne de porco, molho shoyu, gengibre e legumes. A apenas meia hora de Hoi An fica Da Nang, o balneário mais popular do país. Além de praias badaladas e resorts luxuosos, ele também atrai adeptos do turismo de aventura, devido às Montanhas de Mármore, que saem do nível do mar para 1.500 metros de altitude. 



Fonte: Revista Marie Claire

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