terça-feira, 10 de abril de 2012

Desamarre o intestino

Falar sobre prisão de ventre pode ser um pouco constrangedor, mas não tem nada pior do que suportar o desconforto, inchaço e outros sintomas típicos do problema. Deixe a timidez de lado e vamos resolver, juntas, essa questão de uma vez!


Por Carla Conte





A vergonha em torno desse tema ronda mulheres no Brasil todo e nas mais diversas faixas etárias. Foi o que apontou uma pesquisa realizada em 2010 pela TNS Research Market, encomendada pela Danone, com mais de mil brasileiras entre 18 e 70 anos em 11 cidades do país. O estudo mostrou que 76% delas não conversam abertamente com os médicos sobre problemas intestinais. "Ainda é um grande tabu. No meu consultório, por exemplo, só depois de muito papo, as pacientes se sentem à vontade para revelar o que está incomodando", conta Flávio Antonio Quilici, gastroenterologista e professor titular da PUC de Campinas (SP). 


A prisão de ventre atinge predominantemente as mulheres - três vezes mais do que os homens. Os pesquisadores estimam que pelo menos 18 milhões de brasileiras sofram com o intestino preguiçoso - e também com os seus desagradáveis sintomas: desconforto, inchaço, gases, mau humor, além de dor. Boa parte dessa estatística tem a ver com a educação - somos orientadas a não falar sobre isso, porque é "feio e sujo", a não liberar os gases, a não usar banheiro público... "Assim, a mulher acaba reprimindo o estímulo da evacuação, principalmente quando está longe de casa", afirma Carlos de Barros Mott, gastroenterologista do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Mas tem outra vilã: dieta desequilibrada, um fator que apareceu no topo do ranking do estudo como grande culpada. "De fato, 90% dos casos são consequência de hábitos de vida inadequados, como alimentação pobre em fibras, baixa ingestão de líquidos e falta de atividade física", afirma Sidney Klajner, gastroenterologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A boa notícia é que alguns simples ajustes na rotina são, na maioria das vezes, o suficiente para resolver a questão - ainda bem! Vamos a eles?


Bem da cabeça e da barriga


Quem nunca ficou sem apetite, com dor de barriga, gastrite, diarreia ou com intestino preso em decorrência de situações delicadas, como crise no namoro, entrevista para um novo emprego, stress no trabalho? "O aparelho digestivo, que vai da boca ao ânus, é o que mais sofre interferência da parte emocional", diz o gastroenterologista Carlos de Barros Mott. Isso ocorre porque há uma conexão entre os sistemas nervoso central e o entérico (localizado no intestino) - sim, esse órgão também produz uma rede imensa de neurônios, que se encarregam das funções digestivas. Apesar de independentes, os dois mecanismos trocam figurinhas. Quando estamos sob o efeito de emoções negativas, os neurotransmissores interferem nas ondas peristálticas (movimento do intestino), podendo torná-las mais lentas, o que dificulta a eliminação das fezes, ou mais rápidas, causando uma diarreia. Procurar atividades que relaxam, ajudam a extravasar e espantar o stress - malhar é uma ótima opção - é a saída para equilibrar emoções e prisão de ventre. Busque alternativas para lidar melhor com os seus sentimentos e aflições, seja fazendo um passeio no parque, desabafando com uma amiga ou procurando um terapeuta. Guardar as coisas para si, remoer sozinha ou reprimir as sensações está longe de ser remédio para o intestino e para o coração.


Fonte: revista Boa Forma

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