quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O lado bom das coisas ruins

Nada de ficar obcecada por velhos pontos de vista. Se depender de novas pesquisas que pipocam por aí, as suas ideias vão mudar — e muito. A seguir, dez vilões que não são de todo maus.

Crise no mundinho fashion
Péssimo para as grifes, ótimo para você. Desde que a crise econômica estourou, no ano passado, o universo da moda vem passando por várias mudanças. “Estamos em um período em que sai o fast fashion, de tendências passageiras, e entra o slow fashion, que valoriza peças que vão passar por várias estações”, diz Andrea Bisker, diretora na América Latina do site de tendências WGSN. O hi-lo, o investimento em moda sustentável (como Vivianne Westwood e algumas grifes nacionais estão fazendo) e o sucesso de jovens designers são os outros produtos da crise, segundo Andrea. Mas os preços vão realmente cair? Sim, fora as liquidações antecipadas, muitas labels top, como Givenchy, Dolce & Gabbana, Louis Vuitton e Comme des Garçons, estão fazendo acordos com fornecedores e renegociando prazos para que suas coleções sejam lançadas de 10 a 30% mais baratas do que o previsto antes do caos econômico.

Um exemplo: um jeans do verão 2010 da D&G que chegaria às lojas por 695 dólares (1 354 reais) vai custar agora 450 dólares (877 reais).

2 Chiclete bacana
Sempre ouvimos que goma de mascar é um ímã para atrair cáries. No entanto, os estudos mais recentes mostram o contrário: o chiclete pode combatê-las. “O principal responsável por essa função é o xylitol, um adoçante produzido com frutas ou plantas, que é utilizado na fórmula de muitas gomas de mascar”, diz a dentista Gabriela Schneider, especialista em profilaxia bucal. Essa substância inibe a proliferação de micro-organismos ligados à cárie. Mas atenção: o xylitol só é encontrado em gomas com o selo da Associação Brasileira de Odontologia, a ABO. “Se fosse escolher a melhor hora para consumir chiclete, seria logo após as refeições, para ajudar a neutralizar o pH da boca”, diz Gabriela.

3 Amar a sua amiga competitiva
Claro que é ruim manter uma amizade cheia de inveja. Mas só ter amigas que, com medo de chateá-la, acabam colocando você para cima sem nunca revelar seus defeitos pode ter um resultado negativo. “Esse tipo de amizade acaba prestando um desserviço. Quem é adulada o tempo todo acaba ficando distante de dados da realidade que deveria enfrentar”, diz o psicanalista Sergio Zlotnic, de São Paulo. Segundo ele, ter uma amiga que faça críticas (de forma delicada) e seja competitiva (de maneira saudável) pode ser enriquecedor. Na prática: se uma frenemy — termo que mistura as palavras friend (amigo) e enemy (inimigo) — diz alguma verdade incômoda, tente não se chatear. É uma oportunidade para refletir sobre o assunto, mesmo que seja para discordar.

4 Tudo ao mesmo tempo agora
Frase clássica na vida: fazer muitas coisas ao mesmo tempo dilui seu foco e é prejudicial à saúde. Bom, os tempos definitivamente são outros. O neurocirurgião Santino Lacanna, chefe do Laboratório de Pesquisa em Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diz que o excesso de informações e atividades simultâneas (mesmo que muito diferentes entre si) funciona como uma espécie de fisioterapia para o cérebro. “Algumas pessoas já nascem com essa capacidade. Outras podem treinar para consegui-las”, explica Lacanna. Segundo o médico, os indivíduos com essas características, que fazem bem várias coisas ao mesmo tempo, são chamados de hipomaníacos. Se você se identificou com o diagnóstico, não se preocupe, pois a hipomania é benigna.

5 A separação que vem para o bem
O rompimento de uma relação, principalmente aquela em que você não tomou a iniciativa de acabar, trará inevitavelmente dor e tristeza. Mas, passada essa fase, os especialistas dizem ser esse um momento propício para que mudanças boas aconteçam. A professora Sueli Damergian, especialista em psicologia das relações humanas na Universidade de São Paulo, diz que o período tem um grande valor, pois é a hora certa de tomar as rédeas da própria vida, descobrir novas empreitadas e se dedicar mais à carreira. “Quanto a encontrar um novo amor, a experiência anterior pode fazer com que a mulher direcione melhor o seu foco e perceba que tipo de companheiro procura. Mas é sempre bom tomar cuidado porque, no geral, temos a tendência de repetir alguns padrões na vida, mesmo os ruins”, explica a psicóloga. Melhor ficar alerta!


6 Gordura (boa) em você
Mas só um pouco, claro. Além de ser inviável, a meta de atingir 0% de gordura corporal não é nem de longe uma atitude esperta. Segundo Daniela Jobst, especialista em nutrição clínica funcional e em fisiologia do exercício, o percentual ideal de gordura em nosso corpo deve ficar entre 20 e 25%, provenientes dos 30% que devem estar presentes nos alimentos de uma dieta balanceada. Valores muito menores do que esses podem levar a problemas hormonais, já que a gordura está diretamente ligada à formação de hormônios, como a testosterona e o cortisol. Prejuízos? A baixa na produção do primeiro pode interromper o ciclo menstrual e diminuir a libido, assim como a diminuição do segundo pode baixar a energia. “Além disso, a gordura tem outras duas funções importantes: é um isolante térmico do corpo e, por revestir os neurotransmissores, também ajuda na propagação das informações e da memória”, completa.

7 Santa cerveja
Você já está cansada de saber que vinho tinto faz bem à saúde. Agora, que a cerveja não está mais relacionada com a obesidade e tem muitos outros benefícios, é uma novidade. Segundo uma pesquisa do Scientifi c Institute for Public Health Louis Pasteur, não há relação entre a ingestão moderada de cerveja e os quilos extras. Em geral, as comidas gordurosas que são consumidas junto com a bebida e a falta de atividade física são os verdadeiros vilões. E mais: segundo o Larousse da Cerveja (ed. Larousse, 360 págs.), de Ronaldo Morado, ela tem minerais e potássio, além de uma alta concentração de antioxidantes.

8 Malhar demais
Quanto mais exercícios e dedicação à academia, melhor o seu corpo ficará, certo? Errado. Exagerar é tão ruim quanto o sedentarismo. “Se você não segue as orientações de um especialista, pode chegar ao overtraining, que é a prática excessiva de atividade física. Isso pode trazer lesões e dores musculares”, diz Roberto Calabrese, coordenador de musculação da rede de academias Competition, em São Paulo. Segundo ele, o descanso é necessário para que os músculos se recuperem. O vício, segundo o ortopedista Djalma Amorim, também é uma questão a ser discutida, pois quem pratica esporte de maneira desmedida acaba dependente das sensações de prazer. “Quando os viciados em esportes não se movimentam, sentem uma abstinência parecida com a de um dependente químico. Isso é perigoso”, diz.

9 Leite no alvo
Sempre há um alimento na lista dos malvistos. Nos últimos anos, segundo a endocrinologista Zuleika Halpern, o leite foi o eleito. “Dizem que ele só serve para fortificar os ossos de idosos e crianças. Isso é um mito”, diz a endocrinologista. Segundo ela, só quem tem alergia, gastrite ou intolerância à lactose não deve tomá-lo. A nutricionista Mariana Del Bosco concorda e acrescenta: “O cálcio que vem do leite é o mais bem absorvido pelo corpo”. Outra boa descoberta: o cálcio dos lácteos ajuda a emagrecer, pois incentiva a diminuição de gordura nas células e acelera o gasto de energia.

10 Sonhar acordado
De repente, no meio de uma avalanche de tarefas, sua mente resolve viajar. Muita gente, principalmente o seu chefe, se a visse com esse olhar distante, diria que isso é falta de atenção. Mas não é bem assim. Há sim, claro, certo tempo desperdiçado e ocioso, mas, segundo os especialistas, esses sonhos involuntários podem trazer resoluções para alguns problemas ou mesmo serem uma ótima fonte de inspiração. “O que ocorre nesse momento é que, de dentro da nossa mente, emerge um conteúdo, que representa a criatividade do inconsciente”, diz Ascânio Jatobá, psicoterapeuta do Grupo de Estudos dos Sonhos C. G. Jung. Este ano, foi apresentado o resultado de um estudo feito por Kalina Christoff, da University of British Columbia, no Canadá, voltado para essa questão. Ela analisou, através de ressonância magnética, voluntários realizando rotinas simples, como apertar botões. A pesquisadora verificou o grau de atenção de cada um. Até então, os cientistas acreditavam que somente a parte do cérebro ligada a soluções fáceis e problemas de rotina eram ativadas quando a mente vagava, mas o teste mostrou que resoluções mais complexas podem ser alcançadas nesses devaneios. Já pensou?

Fonte: Revista Elle

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