terça-feira, 8 de maio de 2012

Uma viagem ao mundo de Zara, parte 2: você conhece a coleção criada especificamente para o Brasil?

Teste de vitrine da marca, o único momento em que câmeras são permitidas dentro das instalações

Quem visita as lojas da Zara nos shoppings brasileiros dificilmente sabe desse detalhe, mas a coleção que vemos por aí não é exatamente a mesma que está à venda aqui no Hemisfério Norte.


O departamento de criação da marca, com seus 260 estilistas, ocupa um espaço de 24 mil metros quadrados de uma instalação feita de vidro e mármore em Arteixo, polo industrial próximo a La Coruña. É lá que tudo é decidido, das roupas e acessórios às vitrines padronizadas, mais estúdios fotográficos e lojas piloto (guardadas a sete chaves contra as nossas câmeras).


Desse grupo de estilistas, parte tem um foco muito importante: traduzir a coleção que vai para as lojas europeias, americanas e asiáticas para o nosso lado de baixo do planeta.  E nesse cenário, o Brasil é a estrela mais importante no mapa múndi da Zara.


Esse movimento se dá por conta do modelo de negócios da empresa, que vai contra o tradicional. Enquanto as grandes marcas internacionais levam suas coleções para o Brasil com seis meses de atraso (graças, naturalmente, à diferença de estações entre hemisférios), a "equipe de criação do cono sur", como é chamada, tem a missão de adaptar as peças para o nosso gosto particular.


Então, quando a coleção chega ao Brasil (quase que ao mesmo tempo dos mercados do Norte), é porque passou pelo crivo dessa equipe, que viaja a São Paulo pelo menos duas vezes por ano. No processo, as peças têm suas cores e estampas adaptadas e tecidos trocados (frequentemente por opções mais leves). A modelagem também tem um esforço extra, já que o corpo latino é diferente do clássico europeu.


Com o tempo, algumas peculiaridades foram entrando no filtro dessa equipe. Quem conta é Susana Caamaño, uma das estilista do "cono sur": cores como cáquis e marrons não fazem sucesso entre as brasileiras, arriscam dizer que seja por conta do tom de pele. Em fevereiro deste ano, outro flop: uma tentativa de introduzir coleção em tons pastel também foi mal sucedida - só as peças estampadas venderam, deixando as lisas minimalistas encalhadas nos cabides.


Susana também enche a nossa bola ao dizer que o Brasil é um dos grandes campos da marca para testar novas ideias. "Já notamos que os brasileiros gostam de estar na última tendência", diz.


Fora das araras, o país também se mostra importante na cadeia de produção. 1% das roupas da Zara é feita no país, entrando na lista global de fábricas da marca, que estão pela Ásia (35% da produção, principalmente malharia e peças básicas), Europa (14%, em países como Turquia, Itália e Bulgária) e Península Ibérica, que concentra o grosso do montante (49%, em Portugal, Marrocos e na terra natal Espanha).


A produção brasileira não é exclusiva das nossas lojas. 60% é distribuído para o Hemisfério Sul, nas lojas da América Latina, África do Sul e Austrália. Produção essa, porém, feita quase que totalmente com tecido importado. Ou seja, até os espanhóis já notaram que nossa indústria têxtil vai muito mal das pernas.


Fonte: chic.ig.com.br

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