sexta-feira, 14 de maio de 2010

Carmen Mayrink Veiga

Carmen Mayrink Veiga
Nascida no interior de São Paulo, ela conquistou o mundo com sua elegância.
Gilberto Júnior / Fotos Arquivo Pessoa

Carmen usando terno Yves Saint Laurent em 1976.

Nos anos 1950, ela era a maior “locomotiva” do Rio de Janeiro, apelido dado pelo colunista social Ibrahim Sued, que retratou como poucos a sociedade carioca. Bem-nascida, bem casada, bem vestida, Carmen Therezinha Solbiati Mayrink Veiga virava assunto por onde quer que passasse. Sua trajetória começa no interior de São Paulo, na pequena Pirajuí. Filha de um clã de cafeeiros e neta de barão, Carmen começou a ser superproduzida na infância pela mãe. Na adolescência, foram os vestidos de baile que despertaram a sua paixão, numa espécie de sinal do futuro glamouroso que a esperava. Na falta de uma costureira à altura, costumava ir até Bauru, a cidade ao lado, para encomendar seus looks de festa. “Eu nasci gostando de moda. Sempre fui interessada”, conta Carmen. Era o início de uma vida marcada por alta-costura e eventos mil.

Depois de se casar, em 1956, com o empresário Antônio Alfredo Mayrink Veiga, com quem teve dois filhos, Antenor e Antônia, Carmen se mudou para o Rio de Janeiro, na época a cidade mais fervilhante do Brasil. Não demorou para roubar a cena e virar símbolo-mor da elegância carioca. Com o casamento, vieram também as viagens internacionais e uma estada na Europa de mais de 20 anos. Noites black-tie e almoços em companhia de lady Di, do príncipe Charles e do estilista Hubert de Givenchy (com quem mantém contato até hoje), entre outros, eram a deixa para caprichar: Carmen só usava haute couture e chegava a encomendar oito modelos por estação. Não à toa, é dona de um dos maiores acervos do país, embora tenha doado grande parte das peças para o museu Zuzu Angel e para os closets da filha, Antônia Frering, e da neta, Maria Teresa, que segue os passos da avó e debutou no tradicional hotel Crillon, em Paris. “As minhas roupas são excepcionalmente bem tratadas. Eu tenho uma arrumadeira, que está comigo desde que me casei, treinada para isso.”

O bom gosto e a vida de socialite, título que hoje não se incomoda em usar, renderam muitas histórias, homenagens, citações nas listas das mulheres mais bem vestidas e até um livro. Em o ABC de Carmen, publicado em 1997, ela dá dicas de etiqueta e estilo. A literatura, aliás, é uma de suas paixões, e a biografia, um dos gêneros favoritos. Mas Carmen garante que nunca pensou em escrever um livro sobre a própria trajetória. “Você tem que ter o que contar em uma biografia. Minha vida foi sempre maravilhosa e divertida. Mas eu não sou nenhuma Catarina, a Grande.”


Pintada por Di Cavalcanti e Cândido Portinari, fotografada por David Bailey e Mario Testino, Carmen pode não ter expandido territórios como a imperatriz russa, mas nunca perdeu a pompa – mesmo que parte do dinheiro da família tenha evaporado (alguns bens, como o Rolls-Royce, foram leiloados por causa de controversas dívidas da empresa do marido). Até hoje, ela admira a haute couture – Elie Saab é o seu preferido atualmente – e faz roupas com Guilherme Guimarães, o último dos moicanos no Brasil no quesito moda sob medida. “Ele faz roupa para mim por fax. Mando uma cartinha detalhando o que quero e ele envia dois ou três desenhos para eu escolher. Não faço nem prova!”, conta do alto de seu 1,78 m e manequim 40. Prova viva de que a elegância e o estilo são eternos.


Um comentário:

Anônimo disse...

TIA CARMEM ,FALIDA, DEVE SER DURO TER QUE VENDER ATE SUAS ROUOPAS PARA FAZER UM TROCO